Uma breve espiada na página do Facebook de Lenine talvez deixe o visitante ligeiramente tonto. Em pouco mais de 15 dias, no mês de julho, o cantor realizou sete shows em seis cidades diferentes, quase todas na Europa - exceto Nova York, nos EUA. O giro foi com o projeto "Lenine & Martin Fondse Orchestra: The Bridge", que no Velho Continente passou pela Alemanha, Áustria e Holanda.
Descendo a barra de rolagem, há registros de apresentações da turnê de "Chão", seu último disco, lançado em 2011, e do projeto "Encontros Socioambientais com Lenine", além de passagens pela Argentina e Uruguai (no projeto Cantautores) e Portugal (Rock in Rio Lisboa).
Agora, é a vez do Ceará ganhar espaço nessa agenda concorrida. Hoje e nos dias 1, 2 de agosto Lenine realiza shows dentro do projeto do Sesc-CE "Estacionamento da Música", que desde 2013 leva atrações musicais para os espaços externos das sedes da entidade.
Em setembro, retorna nos dias 26 (Juazeiro) e 27 (Iguatu). Hoje o encontro é no Crato; amanhã e sábado, em Sobral e Fortaleza, respectivamente.
A última passagem do cantor pelo interior do Estado também foi por meio da entidade, na 14ª Mostra Sesc Cariri de Culturas, em 2012, quando apresentou o show de "Chão", com setlist que privilegiava canções do disco novo.
Nesta nova visita, o formato muda para voz e violão, com tom intimista e repertório que inclui mais músicas de outros discos, em uma espécie de revisão da carreira do artista.
Certamente estarão lá, por exemplo, "Paciência", "Jack Soul Brasileiro" e "Hoje eu quero sair só", entre outros sucessos.
"As canções são como filhos, os mais novos acabam sempre ganhando mais atenção, como o repertório de 'Chão'. Mas nesse espetáculo do Sesc também vou tocar minhas canções mais conhecidas", adianta Lenine.
Sobre o formato solo, o cantor ressalta algumas diferenças interessantes de serem exploradas.
"É parecido com a diferença, para um ator, entre cinema e teatro. No teatro, é preciso carregar na interpretação para chegar a todos na sala; já no cinema, a câmera vai buscar o íntimo. No show é a mesma coisa: ao ar livre a gente carrega na interpretação; no teatro, podemos explorar o íntimo. Mas, nesse caso, a escolha partiu do meu violão, que é sempre meu fio condutor", resume Lenine.
Estrada
Independente do formato, ouvir o artista ao vivo é sempre uma boa oportunidade. Com carreira deslanchada nos anos 80 (o primeiro disco, "Baque Solto", é de 1983), Lenine é um dos músicos desta geração mais ativos atualmente.
Além dos elogios ao último disco - do público e da crítica especializada -, o cantor acumula boas avaliações de seus shows, que são muitos. Questionado sobre a necessidade de se manter na estrada frente às profundas mudanças no mercado fonográfico (que afetaram consideravelmente as vendas de discos), Lenine acha mais importante destacar o contato com o público.
"Não me contento em meramente entreter, eu preciso ter a certeza de que a minha interferência vai além do show. Que a pessoa vem aqui, volta para casa, e quando está ali tomando banho, ou antes de deitar, diz 'pô, de onde vem a canção, quando ela já vem pronta'? Isso é um tipo de questionamento que tem a ver com o jeito de encarar a vida diariamente. E é muito importante para mim", revela.
"Acho que, ao longo desses anos, procurei ser honesto com o desejo genuíno de fazer música. Acho que não me distanciei disso e, talvez por causa disso mesmo, eu ainda tenha essa sensação quase juvenil, de quando, por exemplo, estou me preparando e vou passar o som. Tocar é meu contato com o divino, é minha missa. Eu respeito muito todo esse processo, e continuo me divertindo em demasia".
A gente também, Lenine.
Programação
Estacionamento da Música - Shows Lenine
Hoje, no Crato
Às 20h (R. André Cartaxo, 443). Ingresso: 2kg de alimentos não perecíveis (comerciário); R$20 (conveniado e usuário). Contato: (88) 3523.4444
1/8, em Sobral
Às 20h (R. Boulevard João Barbosa, 902). Ingresso: R$5 + 2kg de alimentos (comerciário)/ R$10 + 2kg de alimentos (usuário/ conveniado). Contato: (88) 3611.0964
2/8, em Fortaleza
Às 20h (R. Clarindo de Queiroz, 1740, Centro). Entrada: R$10 (comerciário); R$15 (conveniado); R$20 (usuário). Informações: 0800 275 5250
Adriana Martins
Repórter
