O POVO VIOLÊNCIA 17/09/2014 Despejo de sem-teto tem confronto e saques no centro de São Paulo Segundo a Polícia, "black blocks" aproveitaram-se da situação inclusive no incêndio a um ônibus e saqueando lojas.
#guaramiranga17 DE SETEMBRO DE 2014
Durante o protesto, ocupantes jogaram objetos das janelas do edifício. A Polícia fichou 75 sem-teto
A reintegração de posse de edifício invadido por sem-teto na avenida São João, na capital paulista, provocou ontem confrontos com a tropa de choque da Polícia Militar e disseminou tensão pelo Centro de São Paulo. Houve saques e vandalismo, paralisando parte da região por mais de 12 horas.
O comandante da PM na capital, coronel Glauco Silva de Carvalho, afirmou ter identificado a atuação de integrantes da tática “black block” (que prega o dano ao patrimônio como forma de protesto) no tumulto, inclusive no ataque incendiário a um ônibus.
O prédio, que era ocupado havia cerca de seis meses por 315 famílias da Frente de Luta por Moradia (FLM), já tivera duas reintegrações adiadas. O movimento, o proprietário e a PM haviam entrado em um acordo para o novo despejo. Os sem-teto disseram que sairiam pacificamente, se houvesse caminhões suficientes para a mudança.
Por volta das 6 horas, quando a reintegração começou, houve atrito entre policiais e sem-teto, que alegavam haver só 13 dos 40 caminhões combinados. A Polícia afirmou que os veículos estavam lá, mas que nem todos estacionaram simultaneamente. “Não houve nenhum descumprimento do que foi acordado. As agressões começaram por parte dos moradores, que atiraram objetos nos policiais”, disse o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella.
O movimento nega. Afirma que parte de seus integrantes só atirou objetos da janela (pedras, cocos, sofás e pedaços de móveis) nos policiais após a tropa de choque entrar no prédio e disparar bombas de gás lacrimogêneo.
Quando viu pela televisão que a Polícia havia entrado no edifício, o camelô William Jonatan de Jesus, 31, disse ter saltado do terceiro andar com o filho de quatro meses a tiracolo e levando outros dois pelas mãos.
Não houve tempo de voltar para buscar a mulher e o filho mais velho, que foram levados para o 3º Distrito Policial, nos Campos Elíseos. Sem lugar na delegacia, os dois estavam entre os cerca de 80 sem-teto detidos no interior do edifício, que esperaram sentados no chão de um posto de gasolina.
Indiciamentos
O delegado Jacques Ezenbaum disse que foram encontrados 12 coquetéis-molotov dentro do prédio e que 75 sem-teto foram fichados e liberados no início da tarde.
Ele afirmou que, exceto pelas crianças, todos devem ser indiciados por suspeita de esbulho (invadir para tomar a propriedade) e que outros dois, Adriano Santos, 22, e André Andro, 26, serão indiciados sob suspeita de lesão corporal contra dois policiais. Um destes quebrou a perna durante o confronto.
Segundo a advogada Juliana Avanci, os jovens são vítimas: “Eles apanharam de cassetete: um teve um corte no rosto, o outro está com o braço quebrado”, afirmou. Ainda pela manhã, os embates se espalharam pelo centro. Lojas fecharam as portas, e barricadas feitas de sacos de lixo foram incendiadas, bloqueando vias.
A Polícia foi alvo de pedras e rojões e disparou balas de borracha e bombas de gás. Estabelecimentos foram depredado, com duas lojas de celulares saqueadas. Ao menos seis pessoas foram detidas por furto. Um ônibus articulado foi incendiado em frente ao Theatro Municipal por cerca de 15 mascarados, segundo a Polícia. (da Folhapress)
Dois lados acusam-se mutuamente de ter iniciado confronto
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