Rio. A taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 5% em agosto, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a menor taxa para um mês de agosto em toda a série da pesquisa, iniciada em março de 2002.
A pesquisa do IBGE não inclui a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), apenas as de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. Na capital cearense, os dados do mercado de trabalho são avaliados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), elaborada mensalmente pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), órgão vinculado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Considerando essa pesquisa, a menor taxa de desemprego total para a RMF foi de 6,8%, anotada em dezembro de 2013. Já a maior taxa de desemprego total para a Região foi de 12,8%, registrada em março de 2009.
Ocupação
Conforme os dados da pesquisa divulgada ontem pelo IBGE, o nível da ocupação na média do ano até agosto voltou a patamares de 2011. Segundo o instituto, a média de janeiro até o mês passado ficou em 53,2%, contra 53,9% em 2013, 53,8% em 2012 e 53,4% em 2011.
O nível da ocupação é calculado pela proporção de pessoas ocupadas sobre a população em idade ativa. O indicador serve também de termômetro para avaliar a dinâmica do mercado de trabalho. Apesar disso, a taxa média de desemprego entre janeiro e agosto ficou em 4,9%, o que significaria o menor patamar desde 2003, quando taxas médias anuais começaram a ser divulgadas na pesquisa.
"Não estou afirmando que a situação está confortável ou não está Embora taxa de desocupação seja a grande estimativa, ela tem de estar sempre associada com o estudo do emprego, não só desemprego. Muitas vezes o emprego que está sendo gerado é de baixa qualidade", ponderou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. "Muitas vezes, a análise do emprego é até mais importante", acrescentou.
Inflexão
A inflexão da taxa de desemprego, típica do meio do ano, está demorando para ocorrer em 2014, observou Cimar Azeredo. De acordo com ele, após o movimento de dispensas em janeiro, também típico para a época, o mercado de trabalho permaneceu estável.
"Existe sim um avanço da ocupação, mas por outro lado existe um crescimento da desocupação, sendo que a primeira é significativa, a outra é mais uma tendência. O mais sensato é aguardar esse movimento. Quando a inflexão começa a demorar muito, é porque o cenário econômico não está favorecendo esse movimento", disse o coordenador.
Outros meses
Também foram anunciadas ontem as taxas médias para os meses de maio, junho e julho. Até então, os dados completos não eram conhecidos porque a greve dos servidores do instituto, que durou 79 dias, atrasou a coleta e apuração das informações referentes às regiões de Porto Alegre e Salvador.
Em julho, a taxa média de desemprego ficou em 4,9%. Em junho, por sua vez, a taxa média de desemprego ficou em 4,8%. Por fim, em maio, a taxa média de desemprego ficou em 4,9%.
Renda média real cresceu 1,7%
Rio/São Paulo. O rendimento médio real dos trabalhadores cresceu 1,7% no mês de agosto, após redução de 0,2% em julho, sempre na comparação com o mês imediatamente anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ontem. Em relação a igual mês de 2013, os resultados foram avanço de 2,5% em agosto e alta de 2,6% em julho.
Em agosto, o rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 2.055,50. No mês anterior, a cifra havia sido de R$ 2.019,00. O IBGE informou ainda os dados completos para os meses de maio e junho. Em maio, o rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.045,10, enquanto em junho o montante somou R$ 2.019,90. Com isso, o rendimento médio real caiu 1,5% em junho, após aumento de 0,3% em maio, sempre em relação ao mês imediatamente anterior. Na comparação com igual mês de 2013, os resultados foram de alta de 1,9% em junho e de avanço de 3,2% em maio.
Perspectiva
A tendência da taxa de desemprego, com ajustes sazonais, é chegar em dezembro no mesmo nível ou pouco acima do registrado em agosto, na avaliação de José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ.
Para o primeiro semestre de 2015, Camargo diz que a taxa de desemprego deve subir, com ou sem ajuste macroeconômico pelo presidente da República eleito. Um fator que contribuirá de forma expressiva para isso é a forte desaceleração do nível de atividade neste ano. Ele prevê que o PIB deve apresentar um resultado nulo em 2014.
Camargo destacou que a taxa de desemprego em agosto foi alcançada pela combinação de alguns fatores. Em relação ao mesmo mês de 2013, a população ocupada caiu 0,4%, mas a desocupada baixou 5,8%.
Além disso, a população economicamente ativa apresentou uma redução de 0,7%, embora a população não economicamente ativa subiu 3,7%.
Informalidade
O trabalho não registrado começa a mostrar indícios de aumento na Pesquisa Mensal de Emprego, embora o movimento ainda não seja significativo, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Isso mostra que o mercado de trabalho não está gerando postos de trabalho formais como antes", avaliou. Embora não haja evidências que comprovem a relação de eventos como a Copa do Mundo e as Eleições, Azeredo afirmou que algumas pessoas podem se sentir incentivadas a buscar trabalho nessas épocas. Isso aumenta a população economicamente ativa - fenômeno que ocorreu em agosto, com acréscimo de 102 mil pessoas.