A Praça das Flores e os calçadões da Avenida Beira Mar e da Crasa estão com a qualidade ambiental comprometida, segundo estudo realizado pelo curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Correr, caminhar, pedalar. Seja sozinho ou em grupo, exercitar-se ao ar livre tem suas vantagens. Além dos benefícios à saúde, é oportunidade de ocupar espaços públicos, redescobrir olhares sobre a cidade. Nas praças, praias e calçadões de Fortaleza, vale também jogar bola, fazer ginástica, andar de skate. São ambientes que convidam para a prática, seja ela qual for.
Mas, se a busca é por qualidade de vida, as condições ambientais das áreas utilizadas para esporte e lazer nem sempre ajudam. Fatores como os parâmetros do ar, a sensação térmica e a poluição sonora diminuem a 'qualidade do ambiente' e podem, inclusive, afetar a saúde dos praticantes.
Pesquisa ambiental
É o que revela um estudo realizado pelo curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal do Ceará (UFC), que analisou tais indicativos em três pontos da Capital: na Praça das Flores e nos calçadões da Avenida Beira Mar e da Crasa (bairro Farias Brito).
No período de junho a setembro deste ano, a cientista ambiental Camille Arraes esteve nos locais das 16 às 19h (horários de maior fluxo de praticantes de atividade física), para aferir as condições de cada um e verificar qual dos pontos de lazer apresenta melhor 'qualidade ambiental'.
Os dados fazem parte de um projeto coordenado pelo professor Rivelino Cavalcante, também do curso de Ciências Ambientais, que envolve pesquisadores da UFC, Uece e do IFCE. Nos próximos meses, outras sete áreas de esporte e lazer na Capital devem participar da pesquisa: as praças do Papicu, da Cidade dos Funcionários, do Bom Jardim, do Conjunto Ceará, do Vila Velha e do Passaré; e o calçadão da Av. Washington Soares.
O objetivo é mostrar cientificamente que as condições ambientais são vitais para as atividades físicas e que políticas devem ser criadas para garantir locais adequados à prática nos centros urbanos. As conclusões dessa primeira fase, entretanto, apesar da proximidade dos espaços, apontam dados que os diferenciam e preocupam. Enquanto 55% dos frequentadores acham a qualidade do ar e a sensação térmica boas/ótimas, para 70% a poluição sonora é regular ou ruim.
Ruídos em excesso
A preocupação não é à toa. Nos três locais, a poluição sonora registrou valores similares, com média de 63,7 decibéis (dB). Segundo o estudo, esses níveis ultrapassam o limite indicado pela Organização Mundial de Saúde (de 50 dB), assim como o da Norma Brasileira 10151 (de 55 dB).
Os riscos para a saúde são ainda maiores, conforme a fonoaudióloga Fernanda Sampaio, professora do curso de fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), quando a exposição ocorre a sons mais intensos, acima dos 85 dB. "Nesses casos, o indivíduo pode apresentar perdas auditivas temporárias ou definitivas, dependendo do tempo, frequência, do estímulo e se ele ocorre de forma abrupta ou contínua. Além disso, o ruído pode gerar outros danos, como zumbido, irritação, fadiga e aumento da pressão sanguínea, o que interfere nas condições de saúde gerais do indivíduo, principalmente durante a atividade física".
A causa do excesso de ruídos, por sua vez, vem do alto movimento de veículos, uma vez que o período com maior concentração de pessoas nesses espaços é o horário com maior fluxo no trânsito.