Obstáculos a estudantes com deficiência derrubam matrículas
#guaramiranga28 DE MARÇO DE 2016
Número de alunos com deficiência cai com avanço da série e expõe dificuldade de entrar e permanecer na escola.
Depois de sete anos com o filho na escola particular, a autônoma Valdênia Sousa, 37, foi chamada pela diretora. “Não dá para continuar”, foi o recado dado à mãe. Ela passou os dois anos seguintes buscando vaga para Francisco Alexsander, com deficiência intelectual. Foram várias negativas até conseguir matrícula na rede pública municipal. Aos 17 anos, ele cursa pela terceira vez o 5° ano do ensino fundamental.Em negociação com os gestores, Valdênia achou melhor o filho repetir de ano e continuar as atividades com o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Chegar ao 6° ano, para o filho, significaria mudar de escola. “Na conversa com o outro colégio, senti que vão criar obstáculos”, explica a mãe. A situação de Alexsander reflete um cenário maior: a dificuldade dos estudantes com deficiência em continuar os estudos.
O descompasso é visto nos dados de matrículas de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Enquanto mais de 18 mil estudam do 1° ao 5° ano no Ceará, o acesso cai drasticamente do 6° ao 9° ano (9,1 mil alunos) e piora no ensino médio (1,9 mil alunos), segundo dados de 2014.
Educadores sem habilidade e falta de diálogo entre equipe pedagógica e professores especializados são entraves elencados por Rodrigo Hübner Mendes, superintendente do Instituto Rodrigo Mendes e mestre em Gestão da Diversidade Humana.
No Ensino Médio, os desafios aumentam com a desconexão entre o que se ensina e o que se vive na juventude. “A educação contemporânea deveria valorizar competências que vão além do ler, escrever e o calcular”, aponta.
É direito
O acesso à educação em todas as etapas de ensino é direito previsto em várias legislações, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (em vigor desde janeiro) e a Constituição Federal, de 1988. Escolas particulares e públicas têm de se adequar às necessidades especiais dos alunos.
Aumentar o número de matrículas é a meta em Fortaleza, segundo Carlos Eduardo Araújo, coordenador do Ensino Fundamental da Prefeitura.
Salas de Recursos Multifuncionais com material adaptado, previstas na legislação, existem em 134 das 287 escolas municipais. Na rede estadual, são 38 salas para atendimento específico.
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