O consumo crescente de drogas é um problema mundial que afeta todas as classes sociais, destrói sonhos e desestrutura famílias inteiras. Os dados são alarmantes. Prova disso é que, em um ano, o Centro Integrado de Referência sobre Drogas, ligado à Coordenadoria de Políticas sobre Drogas (CPDrogas), da Prefeitura de Fortaleza, realizou 7.298 atendimentos a usuários de álcool, crack e outras drogas. Destes, 2.339 foram atendidos presencialmente no Centro.
Dos usuários que procuraram ajuda, 83% são do sexo masculino, sendo 76% com faixa etária entre 19 e 45 anos. Chama a atenção que 83% buscaram assistência espontaneamente, enquanto 17% foram através de encaminhamentos. Dos atendimentos que o Centro recebeu, 94% foram encaminhados para os serviços de tratamento. As Regionais V e VI tiveram o maior número de registros.
Outro canal de atendimento é o Disque 0800.032.1472. De outubro de 2013 a junho de 2014, a central recebeu 4.959 ligações com pedidos de informações sobre tratamento e orientação sobre o uso abusivo de drogas. Em 90% dos telefonemas, a procura pelo serviço foi de familiares.
Políticas
Apesar de ser considerado um problema social, as políticas públicas desenvolvidas pelos últimos governos municipais não acompanharam o alarmante aumento do número de usuários de drogas e nem foram suficientes para minimizar os impactos e frear esse crescimento.
Juliana Sena, titular da CPDrogas esclarece que, por tratar-se de drogas lícitas e ilícitas, é muito difícil mensurar a quantidade de usuários na Capital. Mesmo sendo uma demanda cada vez mais crescente, o município dispõe de apenas 330 vagas de internação, sendo 62 em instituições governamentais e 268 criadas através de convênios firmados com Organizações Não Governamentais (ONGs).
"Nós estamos trabalhando na perspectiva de ampliar esse quantitativo de vagas, mas ele tem atendido as nossas necessidades, uma vez que as pessoas têm uma média de permanência variada. Tem gente que precisam ficar um período maior, enquanto outros um período mais curto. Depende da vulnerabilidade social e familiar de cada um, do tipo de substância que é consumida, dos problemas já apresentados em relação ao uso, que é o comprometimento e do tempo de uso de cada usuário", destaca. Em relação ao perfil das pessoas que buscam ajuda, a gestora diz que há uma prevalência de homens que estudaram até o ensino fundamental.
O álcool e o crack são as drogas mais relatadas. Juliana acrescenta que os canais de comunicação foram criados como estratégia visando dar uma primeira orientação, oferecer um direcionamento do problema.
Combate
O dia 26 de junho foi designado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional de Combate às Drogas. Em alusão à data, a Prefeitura realiza uma série de atividades. Hoje, a programação terá início às 9h30, no Centro Pop, bairro Centro, com a oficina "Que herói sou eu" e a produção de xilogravuras. No período da tarde será trabalhada a mesma oficina com usuários em recuperação da Unidade de Acolhimento Doutor Silas Munguba.
Às 14h, no Cuca Jangurussu, haverá apresentação do vídeo "Querô" - que retrata uma realidade de sobrevivência no mundo das drogas e violência urbana na juventude. Em seguida, será realizado um debate sobre o uso precoce de álcool na adolescência, com representantes da CPDrogas, Narcóticos Anônimos, Consultório de Rua, jovens do Cuca, conselho jovem e instituições da comunidade.
Para finalizar o ciclo de atividades, amanhã, às 9h, haverá uma gravação na Rádio Debate do Cuca Jangurussu com o tema: "Uso abusivo de drogas, e aí dá para sair?". A proposta é que o programa, depois de editado pelos próprios jovens, seja veiculado na Rádio Cuca e em rádios comunitárias da Capital.
Programação
26 de junho
Oficina "Que herói sou eu" - Produção de Xilogravura
Horário: 9h30 às 11h30
Local: Centro Pop (Rua Antônio Pompeu, 134 - Centro)
Filme "QUERÔ" - Drogas e Juventude
Horário: 14h
Local: Cuca Jangurussu (Av. Castelo Castro com Via Paisagística)
Palestra Rede de Cuidados do Munícipio
Horário: 16h
Local: Dataprev
27 de junho
Rádio Debate com o tema: "Uso abusivo de drogas, e aí dá para sair?"
Horário: 9h
Local: Cuca Jangurussu
Luana Lima
Repórter
Dos atendimentos que o Centro Integrado de Referência sobre Drogas recebeu em um ano, 94% foram encaminhados para os devidos serviços de tratamento. As Regionais V e VI foram as que apresentaram o maior número de registros