Senador Pompeu. A comunidade rural da Vila de Jenipapeiro, localizada no distrito de Codiá, neste município, luta há quase duas décadas pelo direito de ter água encanada em casa.
A população local, formada por aproximadamente 150 famílias, conta apenas com a água de suas cisternas para o consumo, além de um pequeno barreiro particular para os serviços domésticos. Com o período de estiagem iniciado, a comunidade teme um colapso no abastecimento hídrico na região.
Para aumentar a indignação dos moradores, a água passa praticamente à porta de suas casas, através da adutora do rio Banabuiú ao município de Milhã. São mais de 30Km até o destino. No percurso, a água chega a transbordar na estação da adutora instalada na comunidade, mais eles não têm o direito de utilizá-la. O sistema de abastecimento havia sido construído há anos para atender toda a região, entretanto, foi abandonado e a população continua sem acesso à água da adutora.
O radialista Walter Lima foi o primeiro a abordar a situação das famílias de Jenipapeiro. Durante reunião em Fortaleza com o Comitê de Combate à Seca, o secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, havia se prontificado a tomar providências, informam os moradores da Vila de Jenipapeiro. A promessa era de solucionar o problema no ano passado.
Tendo em vista a não solução do problema, há cerca de três meses um grupo de moradores fundou a Associação dos Produtores de Jenipapeiro, com a finalidade de lutar pelo direito à água. Os novos associados querem, também, a transformação da Vila em distrito.
Durante a quadra invernosa de 2014, as chuvas na região foram escassas e as cisternas de placa correm o risco de ficar secas antes do fim do ano. Ante a expectativa, os moradores podem ficar dependendo dos carros-pipa. A única barragem existente para atender a vila, do açude Jenipapeiro, de propriedade particular, não recebeu boa carga no inverno. A água deste reservatório, por outro lado, é imprópria para o consumo humano. Animais mortos e dejetos das moradias da vizinhança são arrastados para dentro da barragem no período das chuvas, conforme Manoel Pinheiro, morador nascido naquela localidade.
Recursos
Sobre a rede de abastecimento de água canalizada para as residências de Jenipapeiro, de acordo com o secretário Nelson Martins, o projeto já foi aprovado, por meio do Programa Água Para Todos. Resta, porém, a captação de mais recursos financeiros, junto ao governo Federal, junto ao Ministério da Integração Nacional. "Quando o projeto foi encaminhado pelo Comitê Especial de Combate à Seca de Senador Pompeu à nossa Secretaria, todos os recursos disponíveis já haviam sido deliberados para projetos em várias comunidades do Interior do Ceará", justifica o secretário.
Nelson Martins ressaltou já terem sido executados ou se encontrarem em fase de execução mais de 700 projetos de abastecimento de água em comunidades rurais do Ceará. O número representa mais da metade da demanda solicitada, que é de 1.350 redes de abastecimento. Desde o início no Programa, no fim de 2012, foram investidos R$ 200 milhões, conseguidos por meio de parceria entre os governos Federal e Estadual. Os projetos são destinados a áreas residenciais rurais com no máximo 150 famílias. O valor correspondente a cada família é de R$ 4.900.
Obras
Na última quarta-feira, dia 25, foram assinadas novas ordens de serviço, autorizando o início de obras de abastecimento d'água no município de Ibicuitinga, no Sertão Central. Novo Paraíso, Melancia e Tamanduá serão as comunidades beneficiadas nesta etapa.
O investimento será de R$ 450 mil, atendendo a 100 famílias. Para o vice-presidente da Associação de Melancias, Francisco Alberto da Silva, os novos sistemas vão garantir o abastecimento permanente destas comunidades, que sempre dependeram de carros-pipa. "Agora, com água dentro de casa, essas famílias terão mais oportunidade para trabalhar e produzir", afirma. Esse também é o sonho dos moradores de Jenipapeiro.
O Água para Todos integra o Plano Brasil Sem Miséria. Foi criado pelo Governo Federal com a meta de garantir a universalização do acesso e uso da água pelas populações carentes de comunidades rurais dos nove estados nordestinos, onde vivem 5 milhões das pessoas em pobreza extrema.
Segundo dados do Ministério da Integração Nacional, até o fim de 2014 serão construídas 750 mil cisternas e seis mil sistemas simplificados de abastecimento para o consumo humano.
Mais informações:
Associação dos Produtores de Jenipapeiro - Distrito de Codiá
Senador Pompeu
(88) 9782.2646
Alex Pimentel
Colaborador
População conta apenas com a água de cisternas para o consumo e, com o período de estiagem, teme-se um colapso no abastecimento
FOTO: ALEX PIMENTEL