Revista Veja Criação do banco dos Brics pauta cúpula que começa hoje Chefes dos cinco países que compõem o bloco discutem, no Brasil, questões políticas e econômicas; encontro será realizado em Fortaleza e Brasília

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#guaramiranga 14 DE JULHO DE 2014
O grupo de cinco países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul dá início nesta segunda-feira à VI Cúpula dos Brics, em Fortaleza, Ceará. O evento, que se estenderá até quarta-feira, em uma etapa que será realizada em Brasília, tem na pauta, entre outros pontos, a criação de um banco de desenvolvimento dos Brics e de um fundo emergencial de reservas – instituições que devem concorrer com os tradicionais Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), respectivamente.

Os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; e da África do Sul, Jacob Zuma, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, abordarão aspectos como a inclusão social e o desenvolvimento sustentável e finalizarão os detalhes para a criação do banco dos Brics.

A formação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), como os países batizaram a instituição, vem sendo discutida pelo bloco há dois anos e só agora a instituição deve ser oficializada. O banco deverá contar com um capital inicial de 50 bilhões de dólares, valor que será dividido igualmente pelos cinco países.

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Para o economista Otaviano Canuto, que atua como conselheiro do Banco Mundial, a criação do banco é importante na atual conjuntura econômica. "Na economia mundial, principalmente nos países em desenvolvimento, há uma carência enorme de financiamento de longo prazo. Eu creio que a emergência de novas fontes é positiva, ajuda a enfrentar um problema. Todo mundo tem a ganhar com isso", comenta. Canuto lembra que muitas das fontes de financiamento para investimentos complexos, como em infraestrutura, foram esgotadas desde a eclosão da crise de 2008.

Nos encontros anteriores, os Brics já vinham tentando aumentar sua influência no FMI – sem sucesso. A ideia de criar um banco paralelo de desenvolvimento e um outro fundo emergencial surgiu durante a IV Cúpula dos Brics, em 2012, realizada em Nova Délhi, na Índia. O questionamento do grupo é de que os poderes de voto dos Brics no Fundo não refletem sua recente ascensão econômica. De acordo com o FMI, os cinco países juntos equivalem a quase um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) global e sustentam 40% da população do mundo.

Sobre a possível rivalidade do NBD com o Banco Mundial, Canuto vê a iniciativa como uma instituição complementar. "O que estão dizendo é que vai complementar o trabalho do Banco Mundial. É assim que eu vejo. Tem carência demais, tem espaço demais, será muito bem-vinda a expansão de fontes de financiamento de longo prazo na economia mundial", comenta.

A realização do evento será também uma oportunidade para empresários dos países emergentes fecharem acordos e negócios. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai promover, paralelamente ao encontro, uma rodada de negociações entre empresários desses países. De acordo com a CNI, a expectativa é de que 700 empresas participem do encontro e que haja uma movimentação de 3,9 bilhões de dólares.
Na agenda do evento estão previstos encontros dos presidentes dos Bancos Centrais e dos ministros da Fazenda dos Brics na segunda-feira. A criação do NBD deve ser anunciada ao fim do encontro dos chefes de Estado, na terça. Uma outra etapa no evento é prevista para quarta-feira, no prédio do Itamaraty, em Brasília.
Geopolítica — Além da pauta econômica, o evento deve ter como um de seus temas centrais as divergências entre Rússia e Ucrânia pelo território da Crimeia, anexado por Moscou em março. Este será o primeiro encontro do grupo desde o surgimento dos conflitos na região.
O termo Brics foi cunhado em 2001 pelo economista do Goldman Sachs Jim O'Neill, como uma maneira de se referir ao grupo de mercados emergentes com grande potencial econômico. Em 2009, os líderes desses países abraçaram o acrônimo e começaram a realizar cúpulas anuais com o objetivo de aumentar sua influência coletiva global.

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